segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

The exotic taste of the uncommon

Dei por mim a atribuir-lhe algum valor apenas, depois de vários anos de convivência pacata comigo própria. 


Hoje á tarde, ao perceber que não tinha nenhum batom do cieiro espalhado pelo carro (situação intolerável, já que, bons genes os meus... não posso sobreviver sem ele...), atirei no mesmo momento, o carro para cima do passeio, mal avistei o pequeno símbolo verde (cor da vida e do meu SPORTING) da farmácia, que me pareceu ter sido ali plantada milagrosamente 2 min antes, quando me passou pela cabeça que poderia vir a precisar dela.
 Entrei no dito establecimento ao jeito de verdadeira junky em estado de extrema dependência, e transmiti á bicheza que estava ao balcão a minha enorme necessidade em adquirir uma qualquer mustela que pudesse conferir ás desgraçadas das celulazitas ressequidas mais umas horas de vida. Deparei-me com uma panóplia muito variada de sticks, dos quais automáticamente escolhi (como se o tivesse já gravado no pensamento), o único com nome científico de planta; cheiro de mixórdia de plantas e... verde! ...P-O-R-Q-U-Ê?
Porque é que, ou a propósito da alma de qual entidade celestial, comprei eu, o único batom que para além de não saber ou cheirar nada bem, é verde, tem um nome que me faz lembrar as senhoras amigas das avós e ainda conseguiu ser um dos mais caros?!

Mais tarde pus-me a pensar, de onde me vem esta inclinação por coisas.... estranhas? 
É que não se fica por aqui... até hoje não conheci ninguém que goste (ou sequer suporte a ideia) de :
-Molhar as batatas fritas do Mac na baunilha do Sundae
-Pôr ketchup nas bolachas princípe
-Comer pipocas: doces+canela/doces+salgadas/salgadas+molho inglês+alho em pó+queijo
-Misturar chás de baunilha e caramelo, rooibos,earl grey, gengibre, menta e hortelã
Já para não falar em canela na coca-cola, chocolate picante a horas incertas; condimento garram massala avec tous e aquele mix coconut/mint flavour que não lembra a ninguém que não esteja ligado á industria da cosmética.

Deixando de parte a insanidade palativa das minhas papilas, posso adiantar que em practicamente tudo o resto.. é um pouco mais do mesmo, se estiver em dúvida acabo sempre por escolher o que de mais estranho constar do leque de opções.
Acho que chega a ser uma espécie de claustrofobia do banal, isto porque a falta de novidade e movimento agonia-me como se estivesse fechada num elevador cheio de água até cima.
Por um lado, torna-se verdadeiramente assustador ser habitada por esta personalidade mutante e camaleónica que a qualquer momento pode acordar com os pés de fora, e por auto-recriação decidir transformar-me em alguma coisa ainda mais estranha... Autofobia talvez?




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