terça-feira, 11 de outubro de 2016

Night pranks....só que não!

Pessoas que levam para casa as prescrições médicas em papel, não só enumeradas como descritas quiçá ilustradas, e ligam as 02.14 da manhã em modo pânico porque administraram a pipeta spot-on por via oral com a alimentação e "aquilo não lhes pareceu muito acertado".... -_-  #muitacalmanessahora #godtakemenow

sábado, 9 de abril de 2016

Abismos

O abismo tem uma melodia própria, o som é nos familiar, acordes já conhecidos que parecemos conseguir ouvir em silêncio, antes mesmo de se fazerem soar. Sabemos que em nada mudou desde a última vez que se fez ouvir, e mesmo assim é impossível antecipar a escalada galopante do ritmo cardíaco que acompanha a aproximação do habitual refrão, que ressentimos pela milionésima vez, ainda sem saber a letra.

Para além do som, o abismo tem também cheiro, cheira aquele perfume tão familiar, que por desconhecermos a denominação, nunca terá identidade própria. Aprendemos a reconhecer todas as nuances desse aroma, por mais entranhadas que estejam nas fibras entrelaçadas de golas e punhos, por mera casualidade com ele contemplados. Aquele cheiro insinuante, despreocupado com um toque de soberba, que permanece subtil mas inegável, algures numa mecha de cabelo que, como consequência de um breve encontro com o pescoço, o ousou reter.

A que se parece um abismo? A tudo aquilo que não esperava, é tal e qual como o imaginei, só que diferente, de mil formas impensáveis. O abismo tem pele com tonalidade térrea de azeitona, efélides como grãos de areia que arruínam a perfeição monótona que rodeia um olhar quente como madeira maciça que me tenta envolver lentamente, trunfando a mesma perseverança de quem o vem fazendo desde Eras passadas.
Espesso cabelo café, escarpado e grosseiro, suave entre os dedos como fios de seda acetinada.
E por de trás do confiante sorriso rasgado pelos lábios de matiz pálida, está alocada como nácar, a convicta insegurança, inteligível mesmo antes de atentar a melodia do abismo.
É uma habitué com presença garantida, cismo que seja afinal minha e não alheia, por se manter seja qual for a cara do abismo.