domingo, 19 de fevereiro de 2012

Quando a alma tira férias

Secalhar felizmente não lhe posso chamar férias, férias... visto que, estes momentos de meditação forçada não passam de isso mesmo, momentos, que duram no máximo meia horinha (talvez se estendam até uma hora se estivermos a falar de aulas de 120 min).
E felizmente porque, segundo dizem,  fico com um aspecto um bocado assustador quando a tal da bicha decide abandonar a embalagem e partir para lugar incerto...
Nunca percebi para onde vai nem com que intuito, mas se me disessem que saía do seu posto para participar numa qualquer greve dos sentidos, contra a inquestionável, e por vezes injusta, onipotência da massa encefálica, eu acreditava e mais ainda... subscrevia.

Hoje em dia tudo e todos se manifestam, e bem... contra qualquer coisa. Porque não também, a alma e os sentidos? 
Quem promoveu o cérebro a cabecilha principal deste imenso amontoado de células, esqueceu-se do pormenor que  também ele pode precisar de espairecer.
Quando a pessoa está preocupada... quem ajuda? O cérebro... (então bora lá ter uma ideia luminosa!) 
Quando os sentidos estão em apuros... quem soluciona? O cérebro... (vá lá tira daí a mãozinha que te estás a queimar!) 
Quando os orgãos estão com problemas... quem resolve? O cérebro... (agora está na hora de descansar, toca a desmaiar!). 
Então e o cérebro?! Não tem direito aos seus dias não?! Quem é que auxilia e apoia o coitado do cérebro?! (Sim tá certo, quando o cérebro está em risco a malta entra em coma... mas e se for um problemazinho mais soft... assim uma coisita moderna, como uma indisposição ou um esgotamento menor?)
Eu acho que descobri a resposta... quando isso acontece, a alma tira férias!

No meu caso específico, a aderência ás greve nunca atinge os 100%. Isto porque embora todos os outros sentidos pareçam cessar funções, a audição mantém-se bem funcional... a música parece entranhar-se cá dentro como nunca, nestes momentos de evasão psicológica. E se não houver música propriamente dita, tudo, desde o som da chuva a cair ao barulho de um corta-relvas, servem para preencher o lugar de música de fundo.

A mente entra em modo "freeze"; o tema do ultimo raciocínio fica em grande plano e toda a acção passa a acontecer em "slow motion"... são esmiuçados todos os infímos pormenores e a unica coisa que mantém tudo isto a funcionar, parece ser o ritmo da música que faz eco no vazio de quem se encontra desalmado.







sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"Watch out for those frozen veggies!"

Adoro ler, adoro ter tempo para ler, e melhor... adoro ter tempo para ler coisas que me apteça ler!
Possivelmente por estar a ler contrariada (anatomia de animais exóticos não é muito a minha praia), hoje pressinto uma certa neura a instalar-se, então pensei que talvez fazer um post daqueles pró-resmunguice pudesse ajudar, cá vai:


A julgar pela absurda quantidade de comida congelada que a minha mãe insiste em armazenar nesta casa, estará, sem qualquer sombra de dúvida, eminente uma qualquer catástrofe natural ou talvez até guerra civil. 


É tão irritantezinho, estar eu no auge da minha batalha contra as especificidades dos chelónios (altamente massacrada pela falta de interesse que tenho no assunto), a precisar urgentemente de um aporte instantâneo de açucar para sobreviver, conseguir, mesmo assim, livrar-me das garras da ronha (representada aqui hoje pelo puff xl e lareira acessa da sala), enfrentar o frio da cozinha, abrir o congelador á procura daqueles fantásticos crepes que vão 40seg ao microondas e é só comer... E DEMORAR 10MIN A REVOLTEAR TODAS AS GAVETAS ATULADAS ATÉ CIMA DE COISAS QUE PARECEM ESTAR ENCAIXADAS DA UNICA MANEIRA POSSÍVEL (depois de lhes mexer a gaveta nunca mais fecha) E DE TÃO CONGELADAS SE TORNARAM IRRECONHECÍVEIS!


A minha relação com este processo natural que nos permite conservar o que comemos ontem, como se tivessemos gostado tanto que nunca mais o queremos perder, tem sido, descobri á pouco, muito espirituosa...
 Á mais ou menos meia hora atrás, enquanto puxava pela cabeça para tentar resolver o tal utópico puzzle cujo prémio de resolução era conseguir voltar a fechar a porta do congelador, lembrei-me de algumas histórias ... estúpidas?!... que envolveram congeladores. 


Uma delas passou-se em casa do meu pai (onde o meu irmão e eu passamos sempre parte do verão). Como sempre a minha mãe tinha insistido para que levássemos de Lisboa uma série de caixas, caixinhas e caixotes de comida congelada para não termos de passar a vida no supermercado. 
Quando estamos de férias, tanto o meu irmão como eu, temos o péssimo hábito de ficar a ver filmes noite dentro, invariávelmente acompanhados de alguma coisinha para picar. Nessa noite, a caixa de sorbet de limão da Cart d'Or, deve ter chamado a atenção do meu irmão, enquanto num impulso já inconsciente, ele passava a habitual revista ao congelador.... (ok ok eu tento resumir ao máximo...)
SURPRISE SURPRISE, ele abre a caixa... deixa descongelar um pouco, e quando mete a colher...não era sorbet de limão (era a caixa do dito, sim, mas o conteudo agora era outro)... nada mais, nada menos que... (atenção atenção agora que isto é muito bom, porque o meu irmão é a pessoa mais enojada e esquisita com a comida, que eu conheço) CALDO DE CAMARÃO!!!
Sim, aquela águinha nojenta que se usa para cozer os bichinhos e depois dá para fazer uma panóplia de pratos mil vezes mais saborosos do que se utilizassemos uma água "nova"... mas atenção, porque ainda trazia um bónus... OS BICHOS LÁ DENTRO COM CASCA; CABEÇA; ANTENAS E TUDO!!!
(Escusado será tentar exprimir a carantonha inesquecível que a pessoa fez... até aposto que se não fosse o receio dele, que o meu pai depois lhe cortasse o gasganete, ainda tinha arremessado a dita caixa num reflexo de genuíno pânico ...e sim, ele é suficientemente "impressionável" para o fazer!)


Outras histórias envolvem (como não podia deixar de ser) animaizinhos... Até podiam ser histórias adoráveis daquelas com cãezinhos que roubam comida e tal, mas não... são mesmo histórias com amostras de sangue, material de biópsias e cadáveres...(não é bonito mas são ossos do óficio!)
Há de tudo... pessoas a irem mexer no congelador, pensando que não iam encontrar nada mais do que uma maçãzinha ou talvez um tupperware que alguém do staff da clinica, deixou para lanchar mais tarde, e ficam petrificadas quando lhes cai para o colo, um saco preto com uma iguana congelada a espreitar... Isso ou amostras de orgãos, mal rotuladas que acabam por passar por outras, de orgãos que para começar, nem existiam no animal em questão... Tubos de sangue mal fechados que conseguem transformar o convencional Miele branco da clinica num ousado electrodoméstico encarnado digno de uma mansão drácula... and so on ...and so on!



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Just another Valentine's day post

Shakespeare in love na televisão e as primeiras horas de 14 de Fevereiro, merecem um post!
Um post tradicional, daqueles escritos com letra retorcida (como fazíamos na primeira classe), a cor de rosa, com corações nos cantos da folha de papel perfumado... sim, seria apropriado e bonitinho... mas quem sabe para 2013 !


Este ano fico-me por questionar... em que momento da nossa história é que a espontaneidade de quem quer aproveitar ao máximo o presente, e a simples vontade de querer estar com alguém, foram ultrapassadas por infindáveis diálogos pré-concebidos, minados de rasteiras e perguntas/respostas calculadas  até ao mais  insignificante promenor?
 Desde quando é que a simplicidade, e transparência de cada unico gesto, palavra ou olhar têm que obrigatoriamente significar algo mais do que eles próprios, e ainda serem suficientes para despoletar uma disputa, onde quem dá mais é necessariamente o elo mais fraco? 
São jogos de poder... podem apimentar o processo e existem um pouco por todo lado... em todas as relações humanas, e estou certa que até na restante natureza os conseguiríamos encontrar (se procurásse-mos com a devida insistência e fazendo uso das metáforas adequadas...)

Sempre que acompanho a história de alguma "nova" relação (amizades no feminino é assim... se recebesse 1euro por cada novela que me contam isto já não era um blog, e eu estaria em Holliwood!), tenho a sensação de estar a assistir a uma final do estoril open, ou se quisermos esmiuçar ainda um bocadinho mais a coisa... a uma partida estratega de batalha naval... uma verdadeira canseira, digo-vos eu!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

"Pay day"

Visto na passada semana, ter conseguido "varrer" um estranho objecto que se assemelhava a um cubo de cimento com um ferro espetado, que se encontrava , minuciosamente plantado no meio da estrada, pode-se dizer que o meu actual estado se resume a: estar apeada !
Assim sendo, hoje foi mais uma jornada de incursões citadinas com a minha Vanuska. De manhã o trabalhinho da praxe (meia horita atrasadas graças á logistica da A5 em hora de ponta), depois o tão esperado buffet de sushi e consequente tentativa de não descer a rebolar até ao chiado, uma breve pit-stop para contrabando de indumentárias Pan Am em alcântara, uma inédita tentativa de terapia gelada com luz de vela á beira rio,  e por fim a tentativa frustrada de ingestão de calorias aka. croissants do careca... até pode não parecer muito mas com 3h de almofada, torna-se uma batalha digna de super-heroi.


Algures ali entre a sova de sushi e a pit-stop em alcântara ainda encaixámos uma ligeira incursão " volta das agências com fraque" (... sim, fomos visitar maus pagadores e cobrar o devido!).
Dei por mim sentada numa sala de espera decorada com estranhas cabeças gigantes de uma qualquer estirpe pseudo-matrafona; sofás e chaise-long encarnados vivo (provavelmente foram adquirindo a cor a medida que os agênciados eram decapitados e as suas cabeças penduradas), e o mais fantástico e ponto alto de toda esta divina decó: um cabide (seria?!), posicionado na parede a frente da porta de entrada:




(Ninguém me tira da cabeça que estas mãos emparedadas e a restante decoração foi inspirada no conceito deles de "Pay day"...)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Pacotes de açucar e sapatilhas de pontas

Não sei porquê, mas ultimamente tenho trocado as minhas amadas teclas do pc, empenadas pelas migalhas e já meio apagadas, por uma caneta verde ás riscas que, segundo sei, um dia pertenceu a uma aluna do curso de direito da Universidade Clássica (a dita pessoa cometeu o erro de emprestar a caneta ao meu irmão). Posto isto, quem paga as contas é o meu "diário de bordo" que não só guarda notas e lembretes como datas de eventos e ainda tudo aquilo que me passar pela cabeça enquanto o tiver á mão. 


No sábado passado enquanto observava o ritual do café da pessoa que estava sentada a minha frente, apercebi-me de uma das injustiças do destino (por destino entenda-se a nossa estranha existência). 
Existiu um dia, uma mente criativa que optou por dar uma nova forma aos pacotinhos de açucar, o objectivo aparentava ser facilitar a sua utilização e se possivel economizar a energia que dispendêmos ao utilizar-mos as duas mãos para rasgar o papel e deitar o açucar na chávena... parece-me bem!
Mas a verdade é que, do que vou observando, devem ser menos de 10% as pessoas que concordam comigo e com o tal visionário que inventou o pacote cilindrico. A maioria das pessoas continuam a rasgá-los, como se dos pacotinhos convencionais se tratassem. Não sei se esta brilhante entidade ainda se encontra entre nós a respirar, há mesmo quem diga que se suicidou, mas seja como for... deve se sentir bastante solitário e incompreendido.


Acabada de assitir a 4h de photo shooting da minha Vanuska (gastei todo o stock de baba sim... a minha loira ROCKS!), chego a casa com a leve impressão que vale mesmo a pena investir numa brincadeirazinha daquelas... Tudo espremidinho, em menos de 3h ficamos com chapas para vida toda, que se a coisa for bem feita, nos podem servir para as mais diversas ocasiões, incluindo postais ilustrados para enviar aos ex com a nota de rodapé "It's too late now dude... your loss!", e claro as clássicas (outrora assustadoras) fotos de BI/CC/etc...


Pois é, não só fui assistir como me aventurei a fazer o styling da coisa, foi mais ou menos como voltar a brincar as Barbies (e as saudades que eu não tinha...), mas desta vez com as nossas próprias roupas e uma Barbie de carne e osso (mais osso que carne mas enfim, a crise afecta todos os sectores =P 
...Nah, a minha loira é uma GATA!!! )


A-D-O-R-E-I, dei ordem de soltura á minha "não-normalidade" (acho a palavra anormalidade tão agressiva) e acho que ainda consegui "encontrar" a tal imagem inspiradora "put together by myself", e ao mesmo tempo com aquele touch altamente profissional, que faltava na parede do meu quarto... 
Qualquer coisa nesta linha:







Visto que as fotografias ainda não foram editadas ainda nao tenho a tal imagem, mas fica aqui uma pequena amostra: